Definitivamente, o corredor de rua é atleta de uma nota só. Ou seja, investe todo o tempo e energia nos treinos de corrida sem sequer cogitar cair na piscina. Esta só é lembrada no período pós-contusão, como forma de manter o condicionamento. Nada mais equivocado, garantem os especialistas. Afinal, os exercícios na água promovem o mesmo condicionamento cardíaco da corrida normal, além de preservar as articulações. Por isso, também devem ser praticados por corredores saudáveis que desejam entrar em forma sem correr riscos, no chamado cross training - a combinação de duas ou mais formas de exercício; no caso, corrida e braçadas na piscina.
"De baixo impacto e bom gasto calórico, o treino aeróbico é um excelente exercício complementar para corredores", defende Darlan Marçal, sócio-diretor da Pacefit Assessoria Esportiva. "Isso porque, além de manter estímulo muscular e condicionamento físico, previne o desgaste excessivo dos músculos e das articulações", explica o especialista em biomecânica do esporte.
Outra vantagem da natação é que você pode apostar nela mesmo quando estiver com as pernas cansadas, pois a água ajuda a acalmar a rigidez muscular causada pela corrida - o que caracteriza o chamado descanso ativo.
A sacada é cair na água ao menos uma vez por semana, e não apenas por causa de um diagnóstico médico. Antes de recorrer às piscinas, porém, saiva que esses resultados aparecem especialmente em praticantes que já desenvolvem a natação com relativa facilidade. Para iniciantes, o corpo tende a sofrer um desgaste extra e desnecessário. Feita essa ressalva, basta cair na água para sentir a diferença na próxima prova.
4 motivos para cair na piscina
1) Turbina o corpo e a menteIntercalada com a corrida, a natação tem efeito motivacional. Como assim? Simples: quando damos braçadas na piscina, cai o nível do marasmo na semana e sobre o número de benefícios ao corpo. Além disso, a natação melhora a força e a flexibilidade, por ser realizada em um meio que apresenta resistência constante, estimula o sistema cardiopulmonar e faz emagrecer.
2) Você descansa ativamenteA natação também é uma alternativa para aliviar o desgaste que a musculatura sofre durante a corrida, no chamado descanso ativo. Segundo Renato Dutra, diretor técnico da Run&Fun Assessoria Esportiva, a recomendação é justamente poupar as pernas de trabalhos rigorosos. "O ideal é nadar crawl, peito e costas, mas sem o uso de pés de pato ou prancha, para não extenuar os membros inferiores", ensina.
3) Acelera a reabilitação de lesõesDesde que praticada com intensidade baixa ou moderada, a natação tem um quê de exercício regenerativo. Caso o corredor esteja lesionado, é possível realizar batidas de perna em ritmo confortável ou movimentos com apoio de boia sem risco de agravar o quadro. "Só não são indicados os impulsos com o pé na borda da piscina, que podem gerar ainda mais dor", ressalta Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
4) Tem efeito relaxantePor ser realizada em um ambiente relaxante, a natação reduz o número de batimentos cardíacos, mesmo em treino com intensidade semelhante à da corrida. Se o exercício é praticado em água aquecida e ambiente coberto, o atleta fica ainda mais longe de tensão. "A atenção do nadador se concentra na coordenação de braços, pernas e respiração, o que facilita o relaxamento", explica Jomar Souza. E, como se sabe, cabeça fresca é pré-requisito para um bom rendimento na corrida.
Fontes: Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e especialista em ortopedia e traumatologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); Renato Dutra, diretor técnico da Run&Fun Assessoria Esportiva, pós-graduado em treinamento desportivo pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-fisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein; e Darlan Marçal, educador físico, pós-graduado em biomecânica do esporte e treinamento desportivo nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e sócio-diretor da Pacefit Assessoria Esportiva.
(Matéria publicada na revista O2 nº110, junho de 2012)